Jovens e a Política


PENSAR-NOS

Porquê JSD? Política e Jovens combinam?  

A primeira questão que colocamos deve ser respondida, após a segunda questão. 

Hoje vivemos de facto, tempos diferentes daqueles que os nossos pais, para falar de familiares mais próximos, viveram. 
Não somos a geração do 25 de Abril, não somos a geração que lutou contra uma ditadura, que foi para a rua festejar. 
Não somos a geração que viu o homem ir à lua, ou que pura e simplesmente tem histórias de próximos irem para a guerra, ou a escapar da tropa. 
Não somos a geração das enciclopédias, ou dos saraus em casas. 
Não somos a geração dos Beatles ou dos típicos slows das discotecas, que fechavam cedo. 
Não somos a geração das calças à boca-de-sino, ou das patilhas grandes, sem desprimor para quem as use actualmente. 
Não somos a geração das típicas festas de garagem ou dos namoros por cartas e à janela. 
Não! 
Não vivemos esses tempos. Tempos saudosos, de muita emoção e certamente muita loucura. Tempos de jovens de então, que nos governam nos dias de hoje. Ora, é esta geração saída do 25 de Abril, que vai dos sessentas aos quarentas que governou Portugal desde 1974. Uma geração muito específica, com as suas particularidades e vivências, que muito lutou e vê o mundo de uma forma de posse. Porque conquistou o seu espaço, essa geração acredita que aqueles princípios são um direito. E acreditam bem. São de facto, um direito e uma enorme responsabilidade. 
Essa responsabilidade é a herança que nos deixam. A nós, nova geração. É obviamente discutível, que nessa herança venha também uma divida para pagar, e um rumo a seguir. Não que os típicos ideais de Abril e Liberdade se tenham esgotado, mas o mundo mudou. 
Esta frase do mundo mudar, sempre serviu para muitas desculpas de promessas não cumpridas. Mas objectivamente o mundo mudou e muito. Os nossos pais levaram o mundo para novos horizontes. Descobertas incríveis. A evolução de um nível de vida elevado. Hoje, apesar de muitas assimetrias entre famílias, as pessoas gozam de um conforto que não existia anteriormente. Desde logo na construção de casas, nos melhores automóveis existentes, numa rede de saneamento básico, em empregos virados para as tecnologias, em espaços públicos dotados de melhores condições para o lazer em família, em boas estradas, bons restaurantes, novos espaços nocturnos, esta possibilidade de contactar pessoas a toda a hora, através dos telemóveis, o uso da internet, um sem número de regalias e oportunidades que nos dão a entender que de facto, o mundo mudou! 
Ora, foi neste seio de boom tecnológico e de mais regalias que a NOSSA geração cresceu. Somos em contraponto aos nossos pais, uma geração de maiores facilidades. Desde logo, sempre dissemos o que queríamos, fomos a todo o lado sem proibições. Não nos chamaram para a guerra, comunicamos por sms ou facebook. Mas antes foi pelo msn ou pelo mirc. 
Somos a geração do Bairro Alto e do iphone. Queremos emitir opinião e um simples teclar de mãos dizemos ao “mundo” o que nos vai na alma. 
Somos a geração que foi à faculdade, que está preparada. 
Somos a geração do Google, que facilmente sabe sobre um determinado tema numa página em branco! Já nos apelidarem de geração rasca, de geração fácil, de geração preguiçosa, de geração mimada. De tudo um pouco existem teorias, o que não falta neste país são teorias. Ora, é esta geração que foi crescendo e aparecendo. 
Temos o mundo pela frente, dizem os mais velhos. A razão da sabedoria é enorme, mas podemos acrescentar que temos o mundo pela frente que as gerações nos deixaram. Não serve de desculpa, aliás de desculpas em desculpas, perdemos oportunidades. 
O que esteve antes é que fez tudo mal, agora nós levamos com as consequências. Quantas vezes é que ouvimos esta teoria? 
É verdade, temos o mundo pela frente que nos deixaram. E chegamos ao ponto crucial! 
E agora? 
É esta a pergunta que nos deve ocupar. E agora? 
O que fazer com este mundo? 
Nós que fomos tão “protegidos”, nós, que vivemos nesta bolha de “facilitismo”, onde por teoria, até na escola fomos beneficiados, sem a educação de reguadas na mão. 
O que vai esta geração fazer? Esconder-se nas saias das mães? Viver à custa dos bolsos dos pais? 
Não podemos dissociar esta situação do actual estado em que nos encontramos. Das gerações dos nossos pais, podemos assumir algo que comparativamente não vamos fazer. 

Não somos a geração que tem na Guerra a resposta para os problemas. Este é de longe, o maior ganho geracional. Não se trata de “santinhos”, problemas entre seres humanos existem e as típicas rixas de vizinhos ou gangs pululam por aí. Mas, sabemos hoje, que num quadro internacional, com fronteiras bem delineados, na União Europeia claro, o recurso à guerra não é resposta. Não é solução. Esta é uma base saudável para encarar o futuro. Desde logo e por tudo girar à volta do economicamente viável, sabemos que os gastos na guerra não vão crescer. Que os jovens de hoje não têm no horizonte a necessidade de uma formação militar e de mais tarde abandonar os seus lares e familiares. Esta situação permite encarar o futuro com uma tranquilidade que só pode permitir para o bem estar das pessoas. A guerra, as angústias de esposas e mães, que vêm maridos e filhos partirem para longe, não são a imagem do amanhã. Felizmente! 

Ora, se não somos a geração que tem na guerra a resposta para o conflito, logo aqui partimos em vantagem para as gerações anteriores. Foi e é uma conquista de trás, mas que hoje nós usufruímos dela. Porém, nem tudo são rosas. Se a premissa atrás permite encarar o futuro de forma mais risonha, a actual situação financeira do país leva-nos a perceber que somos a geração que irá ganhar menos que a anterior. É verdade. E é uma verdade que nos deve consciencializar. Os nossos pais ganharam, em média, mais que os nossos avós, os nossos avós ganharam mais que os nossos bisavôs. Em geral, esta foi a situação que vigorou de geração em geração. A nossa geração tem por isso enormes desafios pela frente. Somos hoje mais dependentes dos pais do que nunca. Na ida para a faculdade, na aquisição de casa, no simples aluguer, no apoio dos primeiros anos de trabalho, no apoio quando estamos a estagiar e nada recebemos. Somos uma geração que vê os ordenados descerem e poucas oportunidades de progressão. O desemprego jovem, tantas vezes falado, é um drama que nos afecta. A porta da emigração escancarada é uma solução, mas não pode ser a solução. Quem trabalha e é jovem, tem em média salários de 700 euros. 
Ora, como fazem os jovens para arranjar casa, constituir família com um cenário destes? Muitos são os que se mantêm em casa dos pais. Não esquecemos que esta crise que nos abala, também está a subir gerações. Que muitos são os casos já de “jovens quarentões” a regressarem a casa dos pais, com filhos às costas e sem possibilidade de manterem casas. Este é um drama diário. 

Ora, o que podemos então nós, jovens fazer? 

Jovens que receberam formação de topo, segundo a OCDE e os especialistas do costume, as nossas faculdades são das melhores que pela Europa existem. Jovens que são doutores, engenheiros e arquitectos. Que pouco se deram ao ensino profissional. Que dominam tecnologias e línguas. 
Que podemos nós fazer? Emigrar? 
Eça de Queirós dizia algo como: “Em Portugal quem emigra são os mais enérgicos e os mais rijamente decididos”. Certamente que não é vergonha emigrar. Os exemplos de portugueses na nossa Diáspora que venceram só nos podem encher de orgulho. Porém, não podemos dizer que a emigração é uma solução. Não podemos dizer, sigam o vosso caminho e deixem a vossa pátria à sorte. 
É aqui que entra a nossa questão. Política e jovens combinam? 

A resposta na teoria é sim. Mas, a política deveria ser a arte de bem fazer. A vontade de construir e propiciar o bem comum. Porém, como todos sabemos, o descrédito é total. Somos um país pequeno. Onde todos se conhecem, ou conhecem alguém que é próximo de alguém. O compadrio, os facilitismos, as ajudas estão por todas as instituições. Não é mal português. É mal de muitos povos, mas no nosso país, temos sofrido um abalo enorme ao nível da reputação da política e dos políticos. 
Ser político hoje é ser alvo de chacota generalizada. São os tipos que querem tacho, que são preguiçosos e querem viver à custa do Estado. Ora, bem sabemos que os exemplos que por aí estão são nefastos e potenciam esta imagem. São transversais a todos os partidos, inclusive no PPD/PSD. Podemos dizer mais, atravessam as juventudes partidárias, inclusive na JSD. É uma imagem que está “impregnada”. A melhor resposta para esta situação é continuar a sonhar. Ser político não pode ser o gosto pelo poder, pela força e influência. Ser político tem que ser o gosto pelo ouvir, pelo facto de aprender com as pessoas. Contactar com as pessoas. Envolver as pessoas. Há uma enorme distância entre político e eleitor. 
Todas as pessoas são actores políticos, o que difere é a intensidade. 

E aqui começa a resposta à indiferença. Todas as pessoas com mais de 18 anos podem votar. Um direito que assiste todos e que faz com que cada pessoa escolha se entende ir às urnas ou não. Se entende votar em x ou y. Este é um primeiro patamar. Depois, existem as pessoas que assistem a debates, escutam os candidatos. Este é um outro patamar de procura de informação, que pode ir mais longe na ida das pessoas a comícios, sessões de esclarecimento, ou através de uma maior envolvência, através da participação em reuniões partidárias. Noutro patamar está o passo de se filiar num determinado Partido, participar activamente nesse Partido e fazer parte de listas e candidatar-se. É todo um percurso que uma pessoa pode percorrer. 

Existem estudos que devemos reflectir, em que apontam para que cerca de 5% da população europeia admite “gostar” de um determinado Partido. A média baixa se considerarmos que perante a pergunta sobre se “pertencem” a um Partido, apenas 2% da população europeia admite que sim. Este é um sinal para reflexão. A fraca capacidade de atrair as pessoas para os Partidos, para uma maior intensidade enquanto actor político. 
É neste ponto que entram os jovens. Ora, com o futuro e as perspectivas que se encontram à nossa frente faz sentido aumentarmos a intensidade da nossa participação política? 
Faz sentido enveredar pela política? 
Faz! Faz e muito! 
Mas faz quem vier por bem. 
A política é suja? 
Bem, a política é um pouco o espelho da sociedade. Apesar de apenas 2% da população europeia dizer que pertence a um determinado partido, essas pessoas espelham bem a nossa sociedade. 
Existe de tudo em política. 

Os que acreditam que podem fazer a diferença, os sonhadores, os realistas e os maus. Existem maus militantes. Pessoas sem escrúpulos, que promovem redes clientelares de votos. Que acreditam que poucos devem decidir e afastam quem pense ou não siga a linha de comando. Pessoas que pouco sabem sobre o mundo, mas muito sabem sobre listagens de militantes e contabilidades de Concelhias, Distritais e lógicas Nacionais. 

A política tem acesso a cargos: são Presidentes de Junta, Vereadores, Presidente de Câmara ou Assembleia Municipal, Deputados, Secretários de Estado, Ministros, Primeiro-Ministro, Presidente da República, Presidente da Comissão Europeia, Eurodeputados. Um sem número de cargos electivos, mais os normais cargos de assessoria política. Faz parte da lógica e naturalmente que quem “está na política” aspira a cargos. 
Mas aqui deve ser o caminho do jovem que “está na política”. 
Não depender da política. 

Formar-se, trabalhar, encontrar um rumo e participar quando é chamado, não vendo no cargo politico, modo de vida, mas modo de ajudar os outros. 
Ter um desígnio. 

Acreditar que com as suas características pode ajudar a fazer a diferença. Logicamente existem pessoas ambiciosas. É positivo e de saudar. Mas a ambição desmedida leva a excessos que devem ser evitados.
É neste cenário que é urgente convocar os jovens. 
Exactamente! Convocar os jovens para virem aumentar a sua intensidade de participação enquanto decisores políticos. 
Não chega a decisão de quem nos vai governar. Não chega ficar em casa ou ir à praia em troca de uma ida às urnas. 
A Democracia como existe e ainda não inventaram outro sistema melhor, é partidocrática. Assenta nos Partidos como garante de alternativas e liberdade. 
É por isso crucial atrair os jovens para a Política. Não sabemos se os partidos irão desaparecer. Falam todos os dias mal nos meios de comunicação social, em diferentes fóruns, que os Partidos estão esgotados e viciados. 
Nada melhor que convocar esta geração que chega hoje ao mercado de trabalho e dizer: venham daí! Ajudem a mudar. Encontrem as vossas respostas nos diferentes programas dos Partidos. Participem. Critiquem. 

Saiam do conforto do vosso portátil, do vosso facebook ou do vosso blogue, das vossas palavras sempre tão mordazes e criticas justificadas. 

Venham ajudar a fazer a diferença. Têm razão quando dizem que está tudo mal. Mas venham! Acreditem em vós para fazer a mudança. 

Esta é a nossa resposta para a questão se os jovens e a política combinam. Quanto à questão de porquê a JSD? 

Pela liberdade. 

Pelo orgulho de uma estrutura que teve altos e baixos, que está ligada a um Partido com uma história que também teve altos e baixos, mas que já deu muito a Portugal. A crítica recorrente prende-se com a igualdade de todos os Partidos. Pode ser essa a sensação de quem vê de fora. Mais uma falha dos políticos ao não vincarem bem as diferenças. 

Mas a JSD tem uma história de liberdade e pensamento próprio que permite dizer sem desprimor para qualquer outra juventude partidária que os jovens são bem vindos. Jovens que acreditem que podem fazer algo pelo País. Que acreditem num País livre, empenhado e trabalhador. Em que as pessoas são o centro e não o Estado. Que não podemos ficar de braços cruzados, em que acreditamos sempre que o espírito de ir à luta e de criticar, está de braço dado com a responsabilidade e vontade de trabalhar. 
Não queremos aqui olhar para o nosso umbigo e promover a JSD. Queremos apelar a que se juntem a nós. Nas diferentes estruturas. Que na vossa terra, entrem numa sede do PSD, que procurem nos vossos meios, como os facebook e site que digam de vossa justiça. 

É assim que olhamos para os jovens e para a política de forma transparente. 
Cientes de que a escolha não está entre a JSD, a JS ou o Bloco de Esquerda, mas sim, se a escolha de um jovem é participar activamente na política. 

Vale a pena tentar. 

Diogo Agostinho